segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Penso, logo tudo existe

Hoje tive um sonho que mudou completamente, por enquanto, a minha forma de encarar o mundo. Acreditava piamente na conclusão de Descartes, na celebre frase “penso logo existo”, até a manhã deste dia.

Tive um sonho onde fui cercado por marginais que acabaram me roubando. Estava levando minha sobrinha ao clube, caminhando, quando percebi que seríamos assaltados. Como o clube não estava muito distante, sem alarmar minha sobrinha, de oito anos, pedi que está fosse na frente e me esperasse dentro do clube, sem sair sob nenhuma hipótese. Minha idéia era atrasar os assaltantes, enquanto ela caminhava para a segurança, já que com ela não conseguiríamos fugir. E assim, consegui. Ela entrou no clube, enquanto, entre agressão e diálogos eu era assaltado. Percebia os movimentos dos assaltantes e tentava usar as palavras para persuadi-los. Algumas vezes conseguia o esperado, outras não. Ao final, levaram apenas meu tênis, que estava todo rasgado e o dinheiro da carteira. Sofri agressões, mas nada que pudesse deixar hematomas, apenas alguns tapas e chutes, mais intimidatórios do que realmente fortes. Porém tudo durou muito tempo e sempre estive sob a mira de uma arma na qual nunca sabia se seria ou não disparada, ou em qual momento. Quando tudo acabou, corri ao clube, desesperado para saber se minha sobrinha estava bem. Encontrei-a na piscina, brincando. Sua mãe tinha passado a tarde com ela, mas já tinha saído. Deixou um recado de que era para eu levá-la para casa.
O sonho terminou com minha esposa chegando ao clube, correndo com os bandidos a sua caça. Então acordei.

Não consegui esquecer o sonho durante todo o dia. Afinal, percebi que os personagens do meu sonho pensavam, raciocinavam independente de mim. Apesar de tudo ser criado pelo meu cérebro, estava tudo funcionando independente de mim, minha sobrinha estava se encontrando com a mãe e tendo seus diálogos. Eu dialogava com os marginais sem fazer a mínima idéia do que passava em suas mentes e a qual situação tudo me levaria.

Então surgiu a dúvida. Eles realmente estavam pensando da forma que compreendo ser o pensamento ? Impossível saber. Mas acho que possivelmente sim. Talvez fossem partes do meu celebro tomando decisões independentes, sem comunicar uma parte com a outra. Não sei como explicar. Porém, se eles tinham raciocínio, se eles pensavam, eles existiam ? Se eles pensavam, há a possibilidade de sermos parte do “pensamento” de alguma coisa ? Comecei a acreditar, então, que pensar não garante nossa existência. Comecei a acreditar em “penso logo não dá pra saber se existo”.

Mesmo chegando a conclusão acima, alguma coisa ainda me incomodava. E não consegui parar de pensar nisso o dia todo. Até que percebi que os personagens do meu sonho existiam, numa realidade bem particular - meu sonho – porém existiam. Existiam pelo simples fato d'eu tê-los criados. Existiam, pois tomavam decisões e intimidavam o seu criador. Existiam pois viviam momentos totalmente independente de minha percepção. Pelo menos enquanto durou meu sonho, tiveram uma vida onde tomaram suas decisões sem que eu tivesse a menor idéia de quais foram ou quais seriam.

Sendo assim, cheguei a conclusão de que “penso, logo todos existimos”, seja esse mundo “real” o que for. Seja lá por quem, pelo que foram criadas nossas regras físicas. Como acreditava Descartes - acho que ele acreditava nisso -, mesmo que tudo que conheço seja fruto da minha imaginação, pelo menos, eu existo porque eu quem estou criando o mundo. Porém eu acredito que pelo fato de interagir com o mundo, sendo que cada coisa tenha sua “existência” independente do meu consciente e percepção, independente de minha vontade, elas também existem. Na realidade eu seria fruto delas, tanto quanto elas seriam de mim, pois minha interação com elas direcionam meu pensamento ou seja, meu ser.

Há anos não acreditava em uma existência divina, também não desacreditava. Mas tinha forte convicção de que o divino foi criado pelos homens por ter consciência e medo da morte. Com o tempo passei a perceber que tudo que existia em comum entre qualquer religião ou seita, seja budismo, cristianismo ou até satanismo é a vida eterna. Porém, essa nova forma de enxergar as coisas me fez criar um diálogo entre mim e um suposto criador.(Fictício é claro. Uma possível possibilidade)

- Oi, de onde vem essa voz ?
- De todo lugar.
- Todo lugar!
- Sim, qual o problema?
- Não sei! Estou sonhando ?
- Se eu quiser, pode ser que sim.
- Deus ?
- Talvez assim, fique mais fácil para você.
- Por que está falando comigo ?
- Para nos divertir.
- Então vocês são mais de um ?
- Mais ou menos isso. Sua percepção de quantidade não é a mesma nossa, mas acho que assim fica mais fácil de você tentar entender.
- Então seu mundo é diferente do nosso?
- Como num gibi, que vocês usam para se divertir. Vocês são parte de nossa realidade e parte invenção.
- Então, realmente eu existo ?
- A mônica, cebolinha e mikey existem ?
- Mas eles não pensam ?
- Não ? Eles dialogam e interagem com o mundo deles igual a você.
- Mas é tudo definido por seus criadores.
- E quem disse que o que você acredita ser pensamento não seja criação nossa ?
- Então nós somos um livro, ou um filme! É isso que você está dizendo ?
- Se vocês só conseguem criar dessa forma, não quer dizer que nós também.
- Se criamos então pensamos!
- Já vi o mikey pintar, desenhar etc.
- Então não existimos ?
- Não estou querendo te explicar, quero te confundir. Isso nos diverte..
- Mas então, a ciência ...
- Os cientistas são as coisas mais engraçadas que temos. Os criamos para buscarem a verdade e se acharem mais racionais que a maioria das pessoas, enquanto vão se afastando cada vez mais em busca de pistas falsas que vamos fornecendo. Enquanto os que eles acreditam ser mais ignorantes vão se aproximando cada vez mais da verdade. Na existência de um ser criador.
- Então, pode existir vida eterna, vocês podem manter uma pessoa aqui para sempre.
- Quem sabe seja possível até trazê-la para nossa realidade. Lembre-se de que o fato de vocês não conseguirem transferir uma criação para sua realidade, não significa que não possamos.
- E podem ?
- É mais engraçado não responder.
- Vocês não descansam ?
- Por quê ?
- Nossas vidas não param.
- Quando vocês escrevem um livro, o livro sabe quantas vezes você pararam para dormir ?
- Não.
- Então, não vejo lógica na sua pergunta.
- Sabe de uma coisa. Cheguei a conclusão de que existo.
- Você acha ? Não o vejo aqui do meu lado. Até sua forma física, nós quem criamos.
- Onde eu estou, tem ar, água, gravidade, amizade entre outras coisas, mesmo que seja tudo fruto da sua imaginação, nesse mundo com essas regras. Eu existo.
- Posso te excluir dele a hora que quiser.
- Mas mesmo assim, em algum momento eu terei existido.
- Pode ser, isso é problema teu. Acreditar existir ou não, não muda o que é. Só torna mais engraçado. Decidimos que vai ser legal fazer desse diálogo um sonho. Um sonho bem real. De repente é apenas sonho mesmo, quem sabe? Pode acordar.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O Tempo e o Espaço segundo um Ignorante

Hoje percebi a grande vantagem de não ter o nome exposto no blog. Posso escrever qualquer besteira sem me preocupar. Então, vão duas grandes.

Estava pensando no tempo e sua relação com a gravidade. Talvez o universo ou multiverso - não sei qual o termo correto para o que eu quero dizer - sempre tenha existido, nunca tenha tido um começo.

Sabemos que a gravidade puxa o tempo, retardando-o. Sendo assim, se imaginarmos o Big Bang, teríamos uma concentração de massa absurda, talvez com densidade infinitamente superior à de buraco negro. Talvez fosse possível uma gravidade tão grande que pararia o tempo. Ou seja, para nosso padrão de percepção, não teria um antes Big Bang, a massa sempre esteve lá, pois não existia tempo, que é justamente o parâmetro que usamos para determinar a eternidade ou o começo de alguma coisa.

Continuando minha teoria, como gênio da física. Estava vendo que muitos cientistas, menos safos e gabaritados que eu, não acreditam na possibilidade de viagem ao passado, por exemplo utilizando um buraco de minhoca. Segundo eles, isso criaria uma instabilidade natural que faria com que o buraco de minhoca - neste caso - se auto destruísse, de forma imediata.

Como exemplo: se uma pessoa viajasse até o passado e desse um tiro, matando seu "eu" do passado, ela não poderia existir no futuro. Não existindo no futuro, não poderia ter voltado ao passado e se "assassinado", sendo assim, deve haver algum mecanismo espontâneo que evite essa viagem ao passado.

Eu acho que o fato citado poderia se realizar sem nenhum problema.

Nós sabemos da existência de 4 dimensões para nos posicionarmos; comprimento, largura, altura e tempo. Podemos nos movimentar em qualquer uma dessas dimensões, incluindo o tempo. Como exemplo temos os satélites artificiais, que tem seus relógios ajustados a todo momento, pois, por estarem fora da órbita terrestre, sob um efeito menor da gravidade, estão em uma outra "velocidade de tempo", o tempo para eles não corre igual ao nosso. Outro exemplo acontece dentro dos aceleradores de partículas, por causa da velocidade imposta as partículas subatômicas. Essa teoria foi proposta por Einstein, que não viveu para ver suas teorias de relatividade restrita serem posta em prática.

Com relação ao "auto assassinato" no passado.

Imaginemos que em cada fração infinitesimal de tempo existam infinitas dimensões com todas as infinitas possibilidades de acontecimento naquele momento. Isso não é muito longe da nossa realidade, afinal, entre quaisquer dois números reais, há infinitos números reais. Sendo assim, se uma pessoa voltasse no passado e atirasse no seu "eu", o que aconteceria é que existiria uma dimensão em que ela foi assassinada por si mesma, uma dimensão onde ela teria errado o tiro e assim por diante, criando as infinitas dimensões que se formaram naquele momento. Incluindo as dimensões onde ela nunca foi visitada por seu "eu" do futuro. Assim seria possível uma pessoa viver em um tempo/espaço/dimensão, onde ela sabe que visitou seu "eu" no passado, sem nunca ter sido visitada por seu "eu" do futuro.

Concluindo, desde o Big Bang que infinitas dimensões são ramificadas em espaço de tempo infinitesimal onde em infinitas destas dimensões nós existimos, em infinitas nós já morremos e em infinitas, nós nunca existimos, já que em infinitas nosso pais nunca existiram e assim sucessivamente. Se fosse ilustrar essas dimensões, seria mais ou menos como uma árvore, onde de cada galho saem inúmero outros galhos, sendo que a origem de tudo é o tronco.

Digo que as dimensões são ramificadas e não criadas, pois criar significa que não existem ramificações do futuro. Elas devem existir.

Mas vem a seguinte dúvida, se elas já existem, não temos escolha ? Está tudo pré determinado ? Acho que não, nossas escolhas são justamente o que nos direcionam nessas ramificações.