segunda-feira, 13 de maio de 2013

Done-se

Os dias têm cores
Roxo é a terça
Done-se a treça

Vezes, mais de uma cor
Roxo é a manhã de terça
Done-se a manhã

A tarde de terça é amarelo
Quarta, azul. Celeste
Done-se a quarta

Onze de maio, vermelho
mesmo que nuvens impeçam a clareza da cor
Done-se maio

Som tem cor, ou melhor
na falta de som, falta cor
Done-se o som

Cheiro, esse não tem cor
ou será que terá ?
Done-se o cheiro

Haverá segundas sons, sábados cheiros
mas sempre dias mamutes
Done-se os dias

Haverá silêncio límpido
como de um sono perfeito
Done-se a perfeição

há algo mais perfeito que o imperfeito?
ou algo mais imperfeito que o perfeito?
Done-se a imperfeição

Sede perfeita
Sede citricamente imperfeita
Done-se o que sois

Sede o que és
e será sempre única
Done-se o teocentrismo

Importante é ser metade
metade de um todo
Done-se o todo

Seja Vanessa
e será amada como Vanessa
Done-se o resto

sábado, 28 de janeiro de 2012

BBB e texto atribuido a Luiz Fernado Veríssimo

Após o meu texto, reproduzo o e-mail que "atribuido" ao Veríssimo. Acho que dificilmente tal texto seja realmente de sua autoria, mas de qualquer forma segue minha opinião.

Não gostava do BBB no início, com o tempo passei a detestar e hoje não suporto. A voz do Bial e a palavra BBB conseguem por si só, me irritarem. Adoraria que esse programa acabasse, mas descordo completamente da visão do Veríssimo.

Não considero o BBB o fundo do poço, acredito que existam coisas piores. BBB está no mesmo patamar que outros programas, como Faustão, Gugu, malhação e entre tantas outras porcarias televisivas que eu particularmente tenho a possibilidade de não assistir, de muitos nem me recordo no momento.

Obs.: Vou parar de usar as expressões "para mim", "na minha opinião", "acredito". Que fique claro de que apesar de ser um texto imperativo, não trato como verdade absoluta, apenas minha opinião.

Pior que o BBB e ver programas e notícias que tem como finalidade teleguiar a opinião pública, muitas vezes sob forma de reportagem. Pior do que ver um programa que não acrescente nada é ver a televisão sendo usado como forma de manipulação em massa. O que se assemelha ao jargão "antes só do que mal acompanhado".

O problema que vejo em quase todos que abominam o BBB é que tratam como se tudo tivesse a necessidade de agregar cultura e o que não tem essa finalidade como algo "anticultural". Sinceramente, falar coisas relevantes a todo o tempo é algo chato. As pessoas precisam de um momento de diversão por diversão, apenas isso. Só não sei como se divertem assistindo ao BBB. Assistindo aos melhores momentos da Globo, até entendo, vá lá ..., mas passar a noite inteira vendo os caras lavando prato, dormindo, comendo a espera de uma "fofoca"... . Desvendar isso é demais para meu intelecto.

Concordo que chamá-los de heróis é cômico, mas é apenas jogada de marketing, ninguém leva a sério e os consideram verdadeiros heróis, vejo pior atribuição a palavra herói quando se trata de Airton Senna, que é realmente considerado herói por muita gente e tratado assim pela televisão brasileira por cumprir de forma brilhante o seu trabalho. Ele não é herói, da mesma forma que eu não sou herói por fazer bem o meu trabalho, o lixeiro também não é, assim por diante. Lutar contra doença, também não é heroísmo, é instinto de sobrevivência.

Fico impressionado com a quantidade de dinheiro que esses participantes ganham, porém, provavelmente, o que ganham deve ser até pouco. Uma vez, após um aumento salarial no contrato do Edmundo, um reporte o perguntou o que ele achava da quantia que ganharia e ele respondeu que era mais do que necessitava porém menos do que merecia. Injusto seria a Globo ganhar milhões com a exibição dos participantes e pagar centavos aos mesmos. Alguns jogadores de futebol ganham muitas e muitas vezes mais que eu, e tem muitas e muitas vezes menos instrução (escolaridade/conhecimento que eu) porém eles geram para a instituição na qual trabalham muitas e muitas vezes mais receita do que eu gero em minha empresa. É assim que as coisas funcionam. Não recebemos pela importância de nosso trabalho ou pela nossa qualificação, mas pelo retorno financeiro que damos. O normal é quanto mais qualificado maior o retorno, mas isso não é regra.

(para entenderem o parágrafo seguinte. Não sou gay, mas negro, o que me faz repudiar qualquer preconceito)

Essa expressão "não tenho nada contra gay" do Veríssimo, parece aquele clichê "minha emprega é como se fosse da família", porém no aniversário de alguém da família, da uma jóia e no da empregada, uma vassoura nova. Porém o que mais me preocupou, não foi o "gay" foi o "contra moral e bons costumes". Pela moral e bons costumes, as mulheres eram espancadas pelos maridos, eram sustentadas e se ousassem a se divorciar, pior ficava. Pela moral e bons costumes, mulheres eram obrigadas a casarem virgens senão poderiam ser "devolvidas". Pela moral e bons costumes, negros foram escravizados. Pela moral e bons costumes que negros não se misturavam com brancos e que as castas na Índia não se misturam. Pela moral e bons costumes que muita coisa de ruim aconteceu e acontece no mundo.

De tudo que foi dito pelo Veríssimo, o que mais gostei, foi que Roma caiu porque o povo ficou "safadinho", até então, eu tinha a certeza - que ingenuidade - de que o fim do império romano se deu por seu inchaço, inflação, corrupção, escravismo entre outros.

E para finalizar, ao invés de pensarmos no que poderia ser feito com os milhões que gastamos através de centavos com nossa "diversão", deveríamos pensar em cobrar, de nossos políticos, os bilhões e bilhões que nós entregamos aos governantes através de impostos para que resolvam nossos problemas sociais, e que não vá 1 centavo para o bolso de quem não tenha direito a ele.

Adoraria muito, muito mesmo que o BBB acabasse. Se ele apenas passasse na Globo, no paperview, não faria diferença, o problema é que o BBB nos encontra, não importa o quanto nos escondamos, contudo acho fraco os argumentos, mais do que isso, uma forma de classificar as pessoas pelo seu gosto. se bem que se eu odeio BBB e Bial apresenta, logo, eu sou mais inteligente que Bial. Esqueçam tudo que escrevi. Veríssimo está certo em tudo.


Abaixo, reprodução na integra do e-mail que circula na internet.

Assunto: FW: A VISÃO DE VERÍSSIMO SOBRE O BBB.


O olhar de Verissimo sobre o BBB

Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço. A nova edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.
Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo.

Impossível assistir ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros...todos na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterossexuais. O BBB é a realidade em busca do IBOPE.

Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB . Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.


Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo. Eu gostaria de perguntar se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.

Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis? São esses nossos exemplos de heróis? Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores) , carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor e quase sempre são mal remunerados.
Heróis são milhares de brasileiros que sequer tem um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir, e conseguem sobreviver a isso todo dia.

Heróis são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna. Heróis são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes, Ongs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de carentes, doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eterna heroína Zilda Arns).

Heróis são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada meses atrás pela própria Rede Globo.

O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral. São apenas pessoas que se prestam a comer, beber, tomar sol, fofocar, dormir e agir estupidamente para que, ao final do programa, o “escolhido” receba um milhão e meio de reais. E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!

Veja o que está por de tra$$$$$$$$$ $$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.

Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social, moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros? (Poderia ser feito mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores)

Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores. Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema...., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , ·visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir. Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construído nossa sociedade.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Gay, a divorciada do sec XXI. Ou seria o negro do sec. XXI. Ou seria ...


No final de semana dos dias das mães, viajei para minha cidade natal - interior do estado - e me surpreendi com que ouvi. Entre conversas, surgiu a discussão sobre a recém aprovada lei de união entre casais homoafetivos e a possibilidade de adoção por estes.

Até esperava ouvir de meus pais, ou dos outros familiares mais velhos algum tipo de preconceito com relação a esse assunto, mas minha irmã, mais nova me deixou boquiaberto.

Foi usado de todo argumento para fundamentar as opiniões, ou seria melhor, suas certezas.

Na conversa, depois de um tempo, parei de argumentar apenas fiquei observando e em meus pensamentos voltei uns 60, 70, 150 anos na história e me vi como o filho subversivo, perdido, afastado dos conceitos morais, que defendia o direito ao divórcio pelas mulheres, ou a abolição dos escravos. Vivi uma parte da história que até então só tinha visto em filme ou em livros.

Impressionante como as palavras são as mesmas. Frases como:

"Eu não fico no mesmo ambiente, pois me sinto mal" (referindo se a um casal homossexual se beijando). Alguém já ouviu essa frase com relação a mulher separada ou a negro ?

"Uma criança não pode ser obrigada a conviver com esse tipo de gente" (referindo se a adoção)

"Não tem moral."

"Está na bíblia."

Impressionante, é que quando falo em outro tipo de discriminação, como já os citados, ninguém tem a menor dúvida de que o a população da época era ignorante, uma civilização mais atrasada. Parece que a certeza é tão grande que impede o cérebro de compreender o que se está sendo dito. Afinal negro não ter moral, é preconceito; mulher separada não ter moral, é um atraso de pensamento; gay não ter moral, isso é verdade. Escravidão ser justificada pela bíblia, é erro de interpretação; a separação não ser permitida, ... sei lá a justificativa; mas viadagem não pode e ponto.

Outra coisa impressionate de se observar e que nós sempre sabemos mais que os profissionais, deveríamos dar aula nas universidades, pois bichisse é doença e o médico que diz o oposto não sabe o que está falando. Um casal do mesmo sexo, assim como uma divorciada ou um negro trará má influência para as crianças, não é possível que uma pessoa passe anos em uma faculdade de psicologia e não aprenda isso. A criança estará melhor em um orfanato.

Para finalizar, deixo um vídeo do Rappa.
Com a música O homem vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Sei que é triste a dor do parto, mas tenho que partir

Enfim, chegou o dia. Ou melhor, se foi o dia.
Sempre soube que esse dia iria chegar, mas por mais que tenha me preparado, não é fácil.

Até que enfim todos se foram, pelo menos quase todos, mas o suficiente para que possa, enfim, deixar a correnteza seguir seu fluxo, sem me sentir constrangido, sem virar alvo das atenções ou inquisições. É bom deixar que a água, após um eterno dia represada, possa segir seu fluxo natural, seguir seu destino. Partir dos olhos para o mundo.

E a dor! É impressionante como a dor pode tomar tamanha proporção, mesmo que nenhum arranhão seja perceptível. Porém, pela primeira vez entendo o masoquismo humano, a necessidade da dor, que nos faz catucar a ferida cada vez que a detestável dor, ou seria amável dor, demonstra a possibilidade de se despedir. Disse que entendo? Não, não entendo! Mas, pela primeira vez, faço o "inintendível", como todos que sempre critiquei. Catuco a dor, trago-a de volta com a autoridade de um feitor.

E o tempo! Esse menino que não cansa de brincar com seus carrinhos. Ou uma menina com suas bonecas ou vice versa, tanto faz. Incansável de suas brincadeiras, pregou mais uma peça. Nunca um dia durou tanto. Nessas 12h, posso jurar que seria possível ter estudado todos os enigmas do universo. Ter aprendido todos os idiomas já existentes no planeta. Em 12h percebi o quanto é viver para sempre. O mesmo tempo que fez dias felizes passarem tão rápido que mal deu tempo de tirar a camisa e sentir o raio do sol. Que fez dias durarem um piscar de olhos.

Como a loucura toma conta. Desejo tanto que ela leia e saiba que escrevi para ela, que apesar de tudo, realmente estou destruído. Mas não quero que ela saiba que meus pedaços estão espalhados pelo cosmo. Quero que veja firmeza, certeza de tudo que está acontecendo. Mas queria que ela lesse e visse o quanto a quero e que corresse a meu encontro e que fizesse-mos o sol e a lua pararem lado a lado para nos invejar. Porém, não quero que ela acredite que isso possa ser possível, por que não é. Se fosse, essas frases seriam muito diferentes, provavelmente, nem existiriam. Ninguém sabe da existência dessas frases, nem ela. Então, se ouvir essas palavras, corra e leve-as a ela e ganhará um inimigo eterno.

Ser ou não ser, eis a questão. O que mais nobre a vida, levar anos e anos numa medíocre latência, ou sofre com a incerteza e o esmagar de seu coração em busca de pelo menos mais um dia de intenso viver.

Escolhi a segunda opção. Por isso parti.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Penso, logo tudo existe

Hoje tive um sonho que mudou completamente, por enquanto, a minha forma de encarar o mundo. Acreditava piamente na conclusão de Descartes, na celebre frase “penso logo existo”, até a manhã deste dia.

Tive um sonho onde fui cercado por marginais que acabaram me roubando. Estava levando minha sobrinha ao clube, caminhando, quando percebi que seríamos assaltados. Como o clube não estava muito distante, sem alarmar minha sobrinha, de oito anos, pedi que está fosse na frente e me esperasse dentro do clube, sem sair sob nenhuma hipótese. Minha idéia era atrasar os assaltantes, enquanto ela caminhava para a segurança, já que com ela não conseguiríamos fugir. E assim, consegui. Ela entrou no clube, enquanto, entre agressão e diálogos eu era assaltado. Percebia os movimentos dos assaltantes e tentava usar as palavras para persuadi-los. Algumas vezes conseguia o esperado, outras não. Ao final, levaram apenas meu tênis, que estava todo rasgado e o dinheiro da carteira. Sofri agressões, mas nada que pudesse deixar hematomas, apenas alguns tapas e chutes, mais intimidatórios do que realmente fortes. Porém tudo durou muito tempo e sempre estive sob a mira de uma arma na qual nunca sabia se seria ou não disparada, ou em qual momento. Quando tudo acabou, corri ao clube, desesperado para saber se minha sobrinha estava bem. Encontrei-a na piscina, brincando. Sua mãe tinha passado a tarde com ela, mas já tinha saído. Deixou um recado de que era para eu levá-la para casa.
O sonho terminou com minha esposa chegando ao clube, correndo com os bandidos a sua caça. Então acordei.

Não consegui esquecer o sonho durante todo o dia. Afinal, percebi que os personagens do meu sonho pensavam, raciocinavam independente de mim. Apesar de tudo ser criado pelo meu cérebro, estava tudo funcionando independente de mim, minha sobrinha estava se encontrando com a mãe e tendo seus diálogos. Eu dialogava com os marginais sem fazer a mínima idéia do que passava em suas mentes e a qual situação tudo me levaria.

Então surgiu a dúvida. Eles realmente estavam pensando da forma que compreendo ser o pensamento ? Impossível saber. Mas acho que possivelmente sim. Talvez fossem partes do meu celebro tomando decisões independentes, sem comunicar uma parte com a outra. Não sei como explicar. Porém, se eles tinham raciocínio, se eles pensavam, eles existiam ? Se eles pensavam, há a possibilidade de sermos parte do “pensamento” de alguma coisa ? Comecei a acreditar, então, que pensar não garante nossa existência. Comecei a acreditar em “penso logo não dá pra saber se existo”.

Mesmo chegando a conclusão acima, alguma coisa ainda me incomodava. E não consegui parar de pensar nisso o dia todo. Até que percebi que os personagens do meu sonho existiam, numa realidade bem particular - meu sonho – porém existiam. Existiam pelo simples fato d'eu tê-los criados. Existiam, pois tomavam decisões e intimidavam o seu criador. Existiam pois viviam momentos totalmente independente de minha percepção. Pelo menos enquanto durou meu sonho, tiveram uma vida onde tomaram suas decisões sem que eu tivesse a menor idéia de quais foram ou quais seriam.

Sendo assim, cheguei a conclusão de que “penso, logo todos existimos”, seja esse mundo “real” o que for. Seja lá por quem, pelo que foram criadas nossas regras físicas. Como acreditava Descartes - acho que ele acreditava nisso -, mesmo que tudo que conheço seja fruto da minha imaginação, pelo menos, eu existo porque eu quem estou criando o mundo. Porém eu acredito que pelo fato de interagir com o mundo, sendo que cada coisa tenha sua “existência” independente do meu consciente e percepção, independente de minha vontade, elas também existem. Na realidade eu seria fruto delas, tanto quanto elas seriam de mim, pois minha interação com elas direcionam meu pensamento ou seja, meu ser.

Há anos não acreditava em uma existência divina, também não desacreditava. Mas tinha forte convicção de que o divino foi criado pelos homens por ter consciência e medo da morte. Com o tempo passei a perceber que tudo que existia em comum entre qualquer religião ou seita, seja budismo, cristianismo ou até satanismo é a vida eterna. Porém, essa nova forma de enxergar as coisas me fez criar um diálogo entre mim e um suposto criador.(Fictício é claro. Uma possível possibilidade)

- Oi, de onde vem essa voz ?
- De todo lugar.
- Todo lugar!
- Sim, qual o problema?
- Não sei! Estou sonhando ?
- Se eu quiser, pode ser que sim.
- Deus ?
- Talvez assim, fique mais fácil para você.
- Por que está falando comigo ?
- Para nos divertir.
- Então vocês são mais de um ?
- Mais ou menos isso. Sua percepção de quantidade não é a mesma nossa, mas acho que assim fica mais fácil de você tentar entender.
- Então seu mundo é diferente do nosso?
- Como num gibi, que vocês usam para se divertir. Vocês são parte de nossa realidade e parte invenção.
- Então, realmente eu existo ?
- A mônica, cebolinha e mikey existem ?
- Mas eles não pensam ?
- Não ? Eles dialogam e interagem com o mundo deles igual a você.
- Mas é tudo definido por seus criadores.
- E quem disse que o que você acredita ser pensamento não seja criação nossa ?
- Então nós somos um livro, ou um filme! É isso que você está dizendo ?
- Se vocês só conseguem criar dessa forma, não quer dizer que nós também.
- Se criamos então pensamos!
- Já vi o mikey pintar, desenhar etc.
- Então não existimos ?
- Não estou querendo te explicar, quero te confundir. Isso nos diverte..
- Mas então, a ciência ...
- Os cientistas são as coisas mais engraçadas que temos. Os criamos para buscarem a verdade e se acharem mais racionais que a maioria das pessoas, enquanto vão se afastando cada vez mais em busca de pistas falsas que vamos fornecendo. Enquanto os que eles acreditam ser mais ignorantes vão se aproximando cada vez mais da verdade. Na existência de um ser criador.
- Então, pode existir vida eterna, vocês podem manter uma pessoa aqui para sempre.
- Quem sabe seja possível até trazê-la para nossa realidade. Lembre-se de que o fato de vocês não conseguirem transferir uma criação para sua realidade, não significa que não possamos.
- E podem ?
- É mais engraçado não responder.
- Vocês não descansam ?
- Por quê ?
- Nossas vidas não param.
- Quando vocês escrevem um livro, o livro sabe quantas vezes você pararam para dormir ?
- Não.
- Então, não vejo lógica na sua pergunta.
- Sabe de uma coisa. Cheguei a conclusão de que existo.
- Você acha ? Não o vejo aqui do meu lado. Até sua forma física, nós quem criamos.
- Onde eu estou, tem ar, água, gravidade, amizade entre outras coisas, mesmo que seja tudo fruto da sua imaginação, nesse mundo com essas regras. Eu existo.
- Posso te excluir dele a hora que quiser.
- Mas mesmo assim, em algum momento eu terei existido.
- Pode ser, isso é problema teu. Acreditar existir ou não, não muda o que é. Só torna mais engraçado. Decidimos que vai ser legal fazer desse diálogo um sonho. Um sonho bem real. De repente é apenas sonho mesmo, quem sabe? Pode acordar.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O Tempo e o Espaço segundo um Ignorante

Hoje percebi a grande vantagem de não ter o nome exposto no blog. Posso escrever qualquer besteira sem me preocupar. Então, vão duas grandes.

Estava pensando no tempo e sua relação com a gravidade. Talvez o universo ou multiverso - não sei qual o termo correto para o que eu quero dizer - sempre tenha existido, nunca tenha tido um começo.

Sabemos que a gravidade puxa o tempo, retardando-o. Sendo assim, se imaginarmos o Big Bang, teríamos uma concentração de massa absurda, talvez com densidade infinitamente superior à de buraco negro. Talvez fosse possível uma gravidade tão grande que pararia o tempo. Ou seja, para nosso padrão de percepção, não teria um antes Big Bang, a massa sempre esteve lá, pois não existia tempo, que é justamente o parâmetro que usamos para determinar a eternidade ou o começo de alguma coisa.

Continuando minha teoria, como gênio da física. Estava vendo que muitos cientistas, menos safos e gabaritados que eu, não acreditam na possibilidade de viagem ao passado, por exemplo utilizando um buraco de minhoca. Segundo eles, isso criaria uma instabilidade natural que faria com que o buraco de minhoca - neste caso - se auto destruísse, de forma imediata.

Como exemplo: se uma pessoa viajasse até o passado e desse um tiro, matando seu "eu" do passado, ela não poderia existir no futuro. Não existindo no futuro, não poderia ter voltado ao passado e se "assassinado", sendo assim, deve haver algum mecanismo espontâneo que evite essa viagem ao passado.

Eu acho que o fato citado poderia se realizar sem nenhum problema.

Nós sabemos da existência de 4 dimensões para nos posicionarmos; comprimento, largura, altura e tempo. Podemos nos movimentar em qualquer uma dessas dimensões, incluindo o tempo. Como exemplo temos os satélites artificiais, que tem seus relógios ajustados a todo momento, pois, por estarem fora da órbita terrestre, sob um efeito menor da gravidade, estão em uma outra "velocidade de tempo", o tempo para eles não corre igual ao nosso. Outro exemplo acontece dentro dos aceleradores de partículas, por causa da velocidade imposta as partículas subatômicas. Essa teoria foi proposta por Einstein, que não viveu para ver suas teorias de relatividade restrita serem posta em prática.

Com relação ao "auto assassinato" no passado.

Imaginemos que em cada fração infinitesimal de tempo existam infinitas dimensões com todas as infinitas possibilidades de acontecimento naquele momento. Isso não é muito longe da nossa realidade, afinal, entre quaisquer dois números reais, há infinitos números reais. Sendo assim, se uma pessoa voltasse no passado e atirasse no seu "eu", o que aconteceria é que existiria uma dimensão em que ela foi assassinada por si mesma, uma dimensão onde ela teria errado o tiro e assim por diante, criando as infinitas dimensões que se formaram naquele momento. Incluindo as dimensões onde ela nunca foi visitada por seu "eu" do futuro. Assim seria possível uma pessoa viver em um tempo/espaço/dimensão, onde ela sabe que visitou seu "eu" no passado, sem nunca ter sido visitada por seu "eu" do futuro.

Concluindo, desde o Big Bang que infinitas dimensões são ramificadas em espaço de tempo infinitesimal onde em infinitas destas dimensões nós existimos, em infinitas nós já morremos e em infinitas, nós nunca existimos, já que em infinitas nosso pais nunca existiram e assim sucessivamente. Se fosse ilustrar essas dimensões, seria mais ou menos como uma árvore, onde de cada galho saem inúmero outros galhos, sendo que a origem de tudo é o tronco.

Digo que as dimensões são ramificadas e não criadas, pois criar significa que não existem ramificações do futuro. Elas devem existir.

Mas vem a seguinte dúvida, se elas já existem, não temos escolha ? Está tudo pré determinado ? Acho que não, nossas escolhas são justamente o que nos direcionam nessas ramificações.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O mendigo

É corriqueiro, na saída de meu trabalho, me dirigindo para casa, me deparar com um mendigo, em especial. Ele sempre me pede um trocado, que nunca dou por causa de minhas convicções – não sei se certa ou errada –, vezes me pede um cigarro, onde normalmente cedo o que tem no maço. Este mendigo é um senhor negro que aparenta uns sessenta e poucos anos, com um sorriso vazio, um cabelo meio Don King, sempre educado e sorridente. Uma felicidade que me intriga, pois não sei como alguém naquela condição pode manter um sorriso no rosto. Por seu semblante, no início achava que ele era meio louco, pois, apenas estando completamente fora da realidade se poderia manter aquele sorriso.

Hoje sai mais cedo do trabalho e não fiz o percurso normal, parei no ponto de ônibus que tem próximo ao meu trabalho e estava aguardando, quando vi o senhor mendigo pedindo esmola a todos que esperavam o transporte, fiquei reparando que todos negavam e depois de alguns poucos minutos chegou até mim. Provavelmente ele não faz a menor idéia de que já cruzou comigo algumas vezes este ano, devem ser tantas caras que ele vê – em uma das avenidas mais movimentadas do Centro do Rio de Janeiro – que devemos parecer todos iguais. Eu, particularmente acho todos iguais, nos vestimos basicamente iguais, “corremos” basicamente iguais, nos importamos basicamente iguais, vivemos basicamente iguais. Cada um por si e espero que tenha alguém por todos.

Então o senhor mendigo chegou à mim e me pediu um trocado, pra variar, com o intrigante ar de sorriso no rosto – Não consigo entender, ninguém tinha lhe dado 1 centavo – e eu para variar disse que não tinha. Ele então alongou um pouco o sorriso e eu continuei, em um tom, meio que irritado, forçado, apenas para justificar, disse que estava brabo, pois estava apenas com o dinheiro da passagem. O que era mentira! Ele então disse.

Fica assim não filho, pelo menos tá com saúde, está com emprego. Certo ?

Eu concordei com a cabeça e ele continuou sua saga.

Uns 2 metros a minha frente tinham três garotas uniformizadas de colegial. Quando ele chegou perto, elas se assustaram, uma escondeu a bolsa, outra virou as costa, ficando de frente para mim e começou a rir. Ele percebendo o incomodo das garotas, se afastou um pouco e começou a falar com elas. Uma olhava e ouvia meio desconfiada, enquanto uma ria e a outra ignorava. Apesar das reações diferentes, percebia-se que as três estavam meio apavoradas. Eu então fiquei olhando-as sério, na intenção de passar alguma confiança para as garotas, como quem querendo dizer. Eu estou vendo o que está acontecendo e me intrometerei se vocês correrem perigo. Apesar d'eu não acreditar que corriam. Outros provavelmente faziam a mesma coisa, mas mesmo assim as garotas aparentavam temerosas. Não consegui ouvir direito o que ele dizia, apenas que era para elas continuarem estudando, que este era o caminho correto. O senhor saiu, então, sem que elas tivessem dito uma palavra e ele continuou seu trajeto. Até onde pude ver, sem ganhar nenhum centavo nem a menor atenção. E o que me deixa cada vez mais impressionado. Até onde pude ver com o mesmo esboço de sorriso no rosto. E pior, não parece ser falso.

Vim do interior do estado do Rio, para cursar a universidade. No início não conseguia entender como as pessoas ignoravam as crianças pedintes nas ruas do Rio, era como se estas não existissem. Com o passar do tempo, percebi que se parasse para dar atenção a cada pessoa que te pede algo, que te conta uma história triste etc. Não conseguiria sair do lugar. Se fosse dar esmola então !!!! Precisaria ganhar pelo menos dez vezes mais apenas para isso. E acabei igual as pessoas que tanto me impressionavam no começo. Porém, estou acostumado as pessoas pedindo algo, de uma forma bem “pedinte”. Como é isso ? Elas chegam até você e soltam um brevíssimo sussurro, apenas um vento entre os lábios, pois sabe que você sabe o que ela quer. E a resposta a esse ruído é simples, por mais rápido que ele seja, você nem deixa terminar, quando deixa começar. Ou já balança a cabeça negativamente ou já começa a catar a esmola. Nas duas situações, o pedinte sai tão rápido quanto chegou. Tem o caso dos intimidadores, isso geralmente ocorre com a mulher. O pedinte chega com uma fisionomia ameaçadora perto da mulher quase que obrigando-a a dá-lhe a esmola. Normalmente eles olham bem fixo nos olhos. As vezes acontece com homens também. Quando acontece comigo, devolvo o olhar fixo com um semblante bastante sério e ameaçador e digo bem firme. NÂO.

Porém esse senhor pedindo esmola está me deixando descompassado. Estou realmente afim de ajudá-lo porém não sei como. Dar a esmola, não vai ajudá-lo em nada, ou melhor, vai dar uma ajudinha, mas não vai mudar sua situação. Vai servir mais para eu poder chegar em casa de dormir despreocupado me sentindo a pessoa mais generosa do mundo.

Procurei na internet, albergues, ONG's, algum lugar para onde pudesse encaminhar esse senhor, mas não achei nada satisfatório.

Para dizer a verdade, não sei nem porque estou escrevendo isso. Talvez seja porque alguém possa ler e ter uma sugestão, apesar de saber que ninguém lerá isso. Não sei nem o que estou fazendo, nem o que fazer.

Enquanto escrevia esse post tive a idéia de tentar descobrir a história desse senhor, não vai mudar sua vida, mas talvez não ser ignorado por pelo menos uma pessoa possa, sei lá ... . Quem sabe eu não consiga descobrir porque ele parece estar feliz ao invés de estar querendo se matar.