sábado, 28 de janeiro de 2012

BBB e texto atribuido a Luiz Fernado Veríssimo

Após o meu texto, reproduzo o e-mail que "atribuido" ao Veríssimo. Acho que dificilmente tal texto seja realmente de sua autoria, mas de qualquer forma segue minha opinião.

Não gostava do BBB no início, com o tempo passei a detestar e hoje não suporto. A voz do Bial e a palavra BBB conseguem por si só, me irritarem. Adoraria que esse programa acabasse, mas descordo completamente da visão do Veríssimo.

Não considero o BBB o fundo do poço, acredito que existam coisas piores. BBB está no mesmo patamar que outros programas, como Faustão, Gugu, malhação e entre tantas outras porcarias televisivas que eu particularmente tenho a possibilidade de não assistir, de muitos nem me recordo no momento.

Obs.: Vou parar de usar as expressões "para mim", "na minha opinião", "acredito". Que fique claro de que apesar de ser um texto imperativo, não trato como verdade absoluta, apenas minha opinião.

Pior que o BBB e ver programas e notícias que tem como finalidade teleguiar a opinião pública, muitas vezes sob forma de reportagem. Pior do que ver um programa que não acrescente nada é ver a televisão sendo usado como forma de manipulação em massa. O que se assemelha ao jargão "antes só do que mal acompanhado".

O problema que vejo em quase todos que abominam o BBB é que tratam como se tudo tivesse a necessidade de agregar cultura e o que não tem essa finalidade como algo "anticultural". Sinceramente, falar coisas relevantes a todo o tempo é algo chato. As pessoas precisam de um momento de diversão por diversão, apenas isso. Só não sei como se divertem assistindo ao BBB. Assistindo aos melhores momentos da Globo, até entendo, vá lá ..., mas passar a noite inteira vendo os caras lavando prato, dormindo, comendo a espera de uma "fofoca"... . Desvendar isso é demais para meu intelecto.

Concordo que chamá-los de heróis é cômico, mas é apenas jogada de marketing, ninguém leva a sério e os consideram verdadeiros heróis, vejo pior atribuição a palavra herói quando se trata de Airton Senna, que é realmente considerado herói por muita gente e tratado assim pela televisão brasileira por cumprir de forma brilhante o seu trabalho. Ele não é herói, da mesma forma que eu não sou herói por fazer bem o meu trabalho, o lixeiro também não é, assim por diante. Lutar contra doença, também não é heroísmo, é instinto de sobrevivência.

Fico impressionado com a quantidade de dinheiro que esses participantes ganham, porém, provavelmente, o que ganham deve ser até pouco. Uma vez, após um aumento salarial no contrato do Edmundo, um reporte o perguntou o que ele achava da quantia que ganharia e ele respondeu que era mais do que necessitava porém menos do que merecia. Injusto seria a Globo ganhar milhões com a exibição dos participantes e pagar centavos aos mesmos. Alguns jogadores de futebol ganham muitas e muitas vezes mais que eu, e tem muitas e muitas vezes menos instrução (escolaridade/conhecimento que eu) porém eles geram para a instituição na qual trabalham muitas e muitas vezes mais receita do que eu gero em minha empresa. É assim que as coisas funcionam. Não recebemos pela importância de nosso trabalho ou pela nossa qualificação, mas pelo retorno financeiro que damos. O normal é quanto mais qualificado maior o retorno, mas isso não é regra.

(para entenderem o parágrafo seguinte. Não sou gay, mas negro, o que me faz repudiar qualquer preconceito)

Essa expressão "não tenho nada contra gay" do Veríssimo, parece aquele clichê "minha emprega é como se fosse da família", porém no aniversário de alguém da família, da uma jóia e no da empregada, uma vassoura nova. Porém o que mais me preocupou, não foi o "gay" foi o "contra moral e bons costumes". Pela moral e bons costumes, as mulheres eram espancadas pelos maridos, eram sustentadas e se ousassem a se divorciar, pior ficava. Pela moral e bons costumes, mulheres eram obrigadas a casarem virgens senão poderiam ser "devolvidas". Pela moral e bons costumes, negros foram escravizados. Pela moral e bons costumes que negros não se misturavam com brancos e que as castas na Índia não se misturam. Pela moral e bons costumes que muita coisa de ruim aconteceu e acontece no mundo.

De tudo que foi dito pelo Veríssimo, o que mais gostei, foi que Roma caiu porque o povo ficou "safadinho", até então, eu tinha a certeza - que ingenuidade - de que o fim do império romano se deu por seu inchaço, inflação, corrupção, escravismo entre outros.

E para finalizar, ao invés de pensarmos no que poderia ser feito com os milhões que gastamos através de centavos com nossa "diversão", deveríamos pensar em cobrar, de nossos políticos, os bilhões e bilhões que nós entregamos aos governantes através de impostos para que resolvam nossos problemas sociais, e que não vá 1 centavo para o bolso de quem não tenha direito a ele.

Adoraria muito, muito mesmo que o BBB acabasse. Se ele apenas passasse na Globo, no paperview, não faria diferença, o problema é que o BBB nos encontra, não importa o quanto nos escondamos, contudo acho fraco os argumentos, mais do que isso, uma forma de classificar as pessoas pelo seu gosto. se bem que se eu odeio BBB e Bial apresenta, logo, eu sou mais inteligente que Bial. Esqueçam tudo que escrevi. Veríssimo está certo em tudo.


Abaixo, reprodução na integra do e-mail que circula na internet.

Assunto: FW: A VISÃO DE VERÍSSIMO SOBRE O BBB.


O olhar de Verissimo sobre o BBB

Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço. A nova edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.
Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo.

Impossível assistir ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros...todos na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterossexuais. O BBB é a realidade em busca do IBOPE.

Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB . Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.


Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo. Eu gostaria de perguntar se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.

Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis? São esses nossos exemplos de heróis? Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores) , carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor e quase sempre são mal remunerados.
Heróis são milhares de brasileiros que sequer tem um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir, e conseguem sobreviver a isso todo dia.

Heróis são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna. Heróis são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes, Ongs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de carentes, doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eterna heroína Zilda Arns).

Heróis são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada meses atrás pela própria Rede Globo.

O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral. São apenas pessoas que se prestam a comer, beber, tomar sol, fofocar, dormir e agir estupidamente para que, ao final do programa, o “escolhido” receba um milhão e meio de reais. E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!

Veja o que está por de tra$$$$$$$$$ $$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.

Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social, moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros? (Poderia ser feito mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores)

Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores. Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema...., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , ·visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir. Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construído nossa sociedade.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Gosto da forma como você escreve, sem pretensão. Esse texto realmente não foi escrito por LFV, porém é inegável que reflete muito do que pensam pessoas que não gostam do tipo de "entretenimento a qualquer custo" realizado por programas como o BBB, por exemplo.
      Eu concordo com você no sentido de não querer me achar melhor do que ninguém, simplesmente por ter outra visão de mundo (principalmente no que diz respeito aos programas que assisto na televisão).
      Realmente não dá pra assistir Discovery e History o tempo todo! Mas ser seletivo ao que nos prestamos a perder tempo assistindo, é importante também. Afinal de contas, é possível "aprender brincando" (rsrsrsr... essa é uma mentirinha que contamos às crianças para elas assistam ao Futura!)
      Se o BBB saísse da programação da Rede Globo hoje, sinceramente não faria falta nenhuma... Porém, como não estamos em Cuba, vão na fé, meus irmãos brasileiros! Liguem seus televisores na merd@ que quiserem!

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